Em 2024, segundo dados da FEBRABAN, 8 em cada 10 transações bancárias já são realizadas por canais digitais e com esse avanço, surgem novas formas de autenticação, como o Selfie KYC.
Mas, à medida que os procedimentos ficam mais simples, surgem também novas vulnerabilidades. Será que o onboarding digital via selfie é realmente seguro? Ou estamos diante de uma porta aberta para fraudes sofisticadas?
O que diz o Banco Central sobre KYC simplificado no Brasil?
A Resolução CMN nº 4.753/2019 e a flexibilização do onboarding digital
O Conselho Monetário Nacional (CMN), por meio da Resolução nº 4.753/2019, autorizou as instituições financeiras a adotarem procedimentos não presenciais para a abertura de contas e identificação de clientes. Essa medida possibilitou o crescimento de modelos de verificação baseados em imagens (como selfies), leitura de documentos digitais e cruzamento com bases públicas.
Esse modelo tem por objetivo ampliar a inclusão financeira e facilitar o acesso a serviços bancários para a população desbancarizada ou com dificuldades de mobilidade. No entanto, traz consigo desafios importantes relacionados à integridade e segurança do processo.
Limites e responsabilidades das instituições
Embora o modelo simplificado ofereça agilidade, ele não isenta os bancos de suas responsabilidades legais. A instituição deve garantir que o processo seja “seguro, confiável e rastreável”, conforme as normas do Banco Central e da Lei nº 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro). O não cumprimento pode acarretar sanções, inclusive administrativas e penais.
Tecnologias que aumentam a segurança sem aumentar a fricção
Biometria facial e validação com bases oficiais
Uma das principais formas de garantir a autenticidade de uma selfie é a biometria facial cruzada com bases confiáveis, como o gov.br e dados do TSE. Essas tecnologias têm sido adotadas por grandes bancos e fintechs brasileiras como forma de fortalecer a identificação sem gerar obstáculos para o usuário.
Segundo o Serpro, o uso combinado dessas bases pode reduzir em até 70% as tentativas de fraude com documentos falsificados ou reciclados. Isso é fundamental especialmente em cenários de massificação digital, como o PIX.
Liveness detection e prova de vida em tempo real
Outro recurso essencial é a detecção de prova de vida (liveness detection), que verifica se a pessoa está viva e presente na frente da câmera no momento da verificação. Ferramentas como as da NAAT.TECH oferecem soluções que detectam o uso de fotos impressas, vídeos gravados e até deepfakes, garantindo uma validação mais robusta com mínima fricção.
Casos de fraude por "bypass" do Selfie KYC — e como evitá-los
Exemplos reais no Brasil
Em 2023, a Polícia Federal desmantelou uma quadrilha especializada em fraudes digitais que utilizava dados vazados da internet e imagens manipuladas para burlar sistemas de selfie KYC e abrir contas digitais fraudulentas. O golpe envolvia mais de 200 contas, com prejuízos milionários.
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Estratégias eficazes para mitigar riscos
Para evitar esse tipo de bypass, é essencial aplicar múltiplas camadas de verificação, como:
- Validação facial com bases governamentais.
- Análise de comportamento digital (dispositivo, IP, localização, hora de acesso).
- Verificações de documentos com OCR e IA.
- Monitoramento contínuo pós-onboarding para detectar comportamentos suspeitos em tempo real.
- Integração com motores antifraude e ferramentas de biometria passiva, como a análise de digitação ou padrões de navegação.
Orquestração de identidade: mais que uma selfie, uma visão holística
Identidade + contexto digital + histórico de risco
A orquestração de identidade é uma abordagem mais ampla e sofisticada que vai além da selfie. Ela combina dados declarados (documentos e imagens), contexto digital (dispositivo usado, localização, hora) e histórico de comportamento financeiro para criar uma visão 360° do usuário.
Essa visão integrada permite decisões mais inteligentes e precisas, reduzindo falsos positivos e otimizando o balanceamento entre segurança e experiência.
Machine learning e avaliação contínua de risco
Plataformas modernas utilizam IA para reconhecer padrões normais de uso e detectar automaticamente desvios que possam indicar fraude, mesmo após o onboarding inicial. Isso garante uma vigilância constante, adaptável e proativa.
KYC com visão global: FATCA, CRS e exigências internacionais
Conformidade com padrões internacionais
Fintechs e instituições financeiras brasileiras que operam com clientes estrangeiros ou buscam expandir globalmente devem estar em conformidade com legislações como:
Essas regras exigem a identificação precisa de beneficiários, coleta de informações fiscais e reporte transparente às autoridades.
Soluções completas com foco em experiência e conformidade
Soluções oferecem módulos integrados de verificação de identidade, checagem contra listas internacionais, rastreabilidade de documentos e adaptação às normas locais e globais — tudo com foco em minimizar fricção e maximizar eficiência.
Selfie KYC: simplificação com responsabilidade e inteligência
O Selfie KYC representa uma verdadeira revolução na forma como instituições financeiras brasileiras realizam o onboarding digital. Seu maior atrativo é a simplicidade para o usuário — mas essa simplicidade não pode vir à custa da segurança.
Implementar essa tecnologia de forma inteligente envolve:
- Compreensão das regulamentações vigentes.
- Uso de tecnologias que equilibram agilidade e segurança.
- Análise contextual contínua e antifraude ativa.
- Adoção de uma orquestração de identidade completa, que una múltiplos pontos de verificação em um único fluxo confiável.
Com a combinação certa de inovação e governança, o Selfie KYC pode ser, sim, uma solução definitiva — e não um risco.
