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Você já imaginou perder o controle do seu número de celular e, em questão de minutos, ter suas contas bancárias, e-mails e redes sociais invadidas? Esse é o risco real por trás do SIM swap, um tipo de fraude que tem crescido silenciosamente no Brasil e que coloca em alerta operadoras, bancos e usuários. 

Neste artigo, vamos entender como esse golpe funciona, por que ele tem se tornado tão comum e, principalmente, o que as operadoras podem fazer para prevenir ataques e proteger a identidade digital dos brasileiros. 

O crescimento das fraudes nas telecomunicações no Brasil

As fraudes envolvendo clonagem de chips, conhecidas como SIM swap, têm crescido de forma alarmante no Brasil. De acordo com a FEBRABAN, esse tipo de golpe representa uma das principais portas de entrada para crimes financeiros via celular.

O SIM swap permite que criminosos assumam o número de telefone da vítima, interceptando códigos de autenticação e acessando contas bancárias, redes sociais e e-mails. Com a digitalização crescente dos serviços, a vulnerabilidade das operadoras se tornou um ponto crítico na segurança digital.

O que é o SIM swap e como ele funciona?

O SIM swap ocorre quando um fraudador entra em contato com a operadora e, se passando pelo titular da linha, solicita a transferência do número para um novo chip em sua posse. A partir daí, ele passa a receber chamadas, SMS e códigos de autenticação da vítima.

As consequências são graves: acesso não autorizado a contas bancárias, invasão de redes sociais e até fraudes com documentos digitais. Em muitos casos, os criminosos utilizam dados vazados ou comprados na dark web para fortalecer a fraude.

Por que essa fraude tem aumentado no país?

Falhas nos processos de autenticação

Em muitas operadoras, o processo de verificação de identidade ainda depende de informações básicas como nome completo, CPF e data de nascimento — dados que podem ser facilmente obtidos em vazamentos.

Vulnerabilidades na portabilidade numérica

A possibilidade de trocar de operadora mantendo o número telefônico abre brechas quando não há validações adicionais. A ausência de um processo robusto de verificação torna a portabilidade um canal de risco.

Falta de verificação biométrica

A ausência de autenticação biométrica em processos sensíveis — como a troca de SIM — facilita a atuação de golpistas. Verificações faciais ou de voz poderiam eliminar boa parte desses ataques.

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Como evitar o SIM swap: soluções e tecnologias eficazes no setor de telecomunicações

A prevenção ao SIM swap exige uma abordagem sistêmica, que envolva tanto tecnologia de ponta quanto uma revisão dos processos operacionais típicos das operadoras. Veja abaixo as principais estratégias tecnológicas e como podem ser aplicadas diretamente no contexto das telecom:

Biometria facial e de voz integrada aos processos de portabilidade e troca de SIM

No setor telecom, os pontos mais sensíveis à fraude estão nas solicitações de portabilidade numérica e na substituição do chip (SIM card). Ao integrar biometria facial ou de voz nessas etapas, as operadoras garantem que somente o verdadeiro titular da linha possa concluir a operação. A Claro Brasil, por exemplo, já implementou o reconhecimento facial em lojas físicas para autenticar clientes de forma segura antes da emissão de novos chips — uma medida que tem mostrado resultados significativos na redução de fraudes.

Inteligência artificial e aprendizado de máquina para análise de risco em tempo real

Soluções baseadas em IA podem ser treinadas para detectar padrões atípicos nas ações dos clientes, como tentativas de troca de chip em horários incomuns, múltiplas solicitações de portabilidade em sequência, ou acessos vindos de regiões geográficas distintas em curtos períodos. Essas análises são especialmente valiosas para operadoras com grande volume de solicitações, pois permitem bloqueios proativos antes da conclusão do processo suspeito.

Autenticação multifatorial (MFA) nas solicitações de alteração de dados

Muitos golpes de SIM swap se iniciam com a engenharia social para alterar dados cadastrais. Ao exigir autenticação multifatorial (MFA) em etapas críticas — como alteração de endereço, senha de atendimento, ou solicitação de nova linha — as operadoras elevam a barreira de entrada para golpistas. A combinação de token de uso único (OTP) com biometria facial é uma das formas mais eficazes e viáveis de implementar MFA no ambiente mobile.

Validação KYC em tempo real nas solicitações digitais

Embora tradicionalmente o KYC seja associado ao setor financeiro, seu uso no setor telecom está se tornando essencial. Com a popularização dos canais digitais, operadoras precisam garantir que quem está por trás de um pedido remoto (via app, site ou call center) é realmente o titular da linha. A validação em tempo real de documentos de identidade e selfie antes de permitir a emissão de um novo SIM card ou portabilidade é uma prática que agrega camadas de segurança sem gerar fricção excessiva.

Monitoramento comportamental e orquestração da identidade

Integrar um sistema de monitoramento contínuo do comportamento digital do cliente — incluindo histórico de chamadas, dispositivos usados, canais de atendimento preferidos e frequência de contato — permite às operadoras identificar mudanças bruscas no perfil de uso, um dos principais sinais de alerta de fraudes. Além disso, orquestrar esses dados com o contexto digital (dispositivo, IP, localização, etc.) e o histórico do cliente, cria uma visão holística da identidade que fortalece a tomada de decisões automatizada e reduz falsos positivos.

Exemplos de boas práticas no setor

  • Claro Brasil: Implantou autenticação facial para troca de chip, reduzindo significativamente os casos de fraude presencial.
  • TIM: Adotou canais digitais com MFA e biometria para alteração de dados sensíveis.
  • Vodafone (Reino Unido): Utiliza IA para bloquear automaticamente ações suspeitas durante solicitações de portabilidade.
  • Movistar Chile: Iniciou testes com reconhecimento de voz em seu call center para validar a identidade de clientes.

Essas iniciativas mostram que a combinação de tecnologias modernas e processos de segurança avançados é eficaz contra o SIM swap.

Fortalecendo a identidade digital: o papel das operadoras

As operadoras brasileiras têm um papel fundamental na proteção da identidade digital dos cidadãos. Diante do avanço dos crimes cibernéticos, é essencial:

  • Investir em tecnologias de autenticação seguras.
  • Estabelecer parcerias com instituições financeiras e órgãos reguladores.
  • Implementar políticas de segurança baseadas em risco e comportamento.
  • Educar os usuários sobre boas práticas de proteção digital.

A segurança da linha telefônica hoje é sinônimo de segurança financeira e digital. Proteger o chip do cliente é proteger sua identidade.